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quarta-feira, 15 de abril de 2015

O que eu sou: Ateu, Agnóstico?



Por muitos meses após a minha desconversão, eu não me considerava teísta ou ateísta. Isso porque naquele tempo, eu presumia que a definição de teísmo era: Crença em Deus. E correspondentemente ateísta era a falta da crença em deus.

E esses rótulos não fazem o menor sentido, a menos que você defina o que você entende da palavra ‘deus’.

É claro que se alguém define como um ser sobrenatural e invasivo, então eu era um ateu. Entretanto, é óbvio que se poderia dizer que deus era coisas que obviamente existiam. Como por exemplo: O conjunto completo do universo em si ou as forças criadoras do universo. Onde força criativa significa tudo desde nucleossíntese estelar até a engenharia humana.

Com respeito a essas definições de Deus eu seria teísta.

Dizer que alguém é ateu em relação a essas definições seria plenamente absurdo. Seria o mesmo que dizer que não acredita no universo inteiro ou que não acredita em nucleossíntese estelar e na engenharia humana.

Então eu continuei com essa posição filosófica por um bom tempo. Determinado a apontar aos auto proclamados teístas e ateístas o quão absurdo era sua posição, se eles não definissem primeiro seu uso em relação a palavra deus.

Duas pessoas discutindo sobre a existência ou não existência de Deus, estava claramente desperdiçando o seu fôlego se eles em primeiro lugar não definissem o que eles queriam dizer por ‘deus’. Entretanto, eu finalmente cruzei com a definição adequada de teísmo e percebi que ateísmo é uma negação intuitiva do teísmo. Então pessoas que não eram teístas eram ateístas.

Essas definições se encaixavam na maioria dos debates que eu vi na internet. Onde em um lado do debate há um teísta cristão argumentando a existência de um ser sobrenatural interveniente e do outro lado havia um ateísta, argumentando que os argumentos do cristão eram inadequados para estabelecer a existência desse ser.

Então por essa definição eu era um ateu. Essa foi uma experiência estranha, liberadora, e um pouco engraçada perceber isso tudo: Eu era um ateu.

Após todos esses anos pensando que os ateus eram cínicos, niilistas e pessoas negativas, eu percebi que eu mesmo era um ateísta. Eu era um ateísta!

Eu repetia isso muitas vezes enquanto eu caminhava para o mercado nesse dia de descoberta. De todas as pessoas EU, outrora um cristão por toda a vida, e uma pessoa implacavelmente positiva, agora, sou um ateu.

Essa descoberta me deixou extasiado. Até aquele momento eu nunca havia encontrado um ateu que tivesse trilhado o mesmo caminho de diálogo que eu. Mesmo o professor que era uma pessoa muito gentil e muito paciente acima de tudo, era muito rude comparado comigo.

Uma coisa que eu notei em muitos ateus que eu conhecia quando teísta, o professor incluído, era a tendência de cometer a falácia do apelo para o ridículo. Alguns ateus que eu conheci, parecem fazer isso compulsivamente, rejeitando alegações puramente porque parecem incomuns ou contrárias ao senso comum. Entretanto eu aprendi em diversos exemplos em minhas aulas de ética que:

‘Bom Senso’ o que usualmente é um apelo a opinião popular, não é uma base sólida para um argumento.

Um exemplo, que o meu professor de ética usou, foi o caso de Stella Liebeck, que processou o McDonalds, porque ela se queimou com o café. Só de trazer esse exemplo a tona, já disparou comentários da classe sobre como os americanos adoram processar e como era ridículo ela processar porque ela tinha se queimado com o café.

Isso foi assim até que o professor disse naquela época, os franqueadores do McDonald eram obrigados a manter o café a 83º C e que a mulher sofreu queimaduras nas suas coxas, nádegas e genitais, que necessitou 8 dias de internação para enxertos da pele e dois anos de tratamento médico.

Depois que o professor revisou esses fatos, a classe sentou e ficou em humilde silêncio. Eu pessoalmente fiquei chocado com o quão tendenciosa minha visão da situação era, antes de eu obter todos os fatos, antes de verdadeiramente entende-los.

Esse exemplo, revelou para mim, que algumas vezes quando casualmente apelamos para o ‘Bom senso’, nós temos amedrontador potencial de não sermos somente ignorantes e desinformados, mas também terrivelmente cruéis com as mesmas  pessoas que estaríamos defendendo se ao invés de antes de julgar tivéssemos obtidos todos os fatos.

Como o professor de ética mostrou, o problema com o ‘Bom Senso’ com essa necessidade de criticar aquilo que não é familiar é que ele é muito desinformado para ser confiável.  É central para alegações incomuns que se faça uma investigação profunda.

Eu já vi ateus compulsivamente rejeitando alegações, simplesmente baseadas no fato de elas serem incomuns. Para ser justo, eu também vejo teístas compulsivamente rejeitando a evolução e compulsivamente aceitando a validade da experiências religiosas, usando o mesmo raciocínio baseado no ‘Bom Senso’.

Com o tempo, eu conheci ateus com a mesma abordagem de discussão que eu. Pessoas que se doeram muito para ficarem calmos, diplomáticos e justos. Eu comecei a me dar conta que eu estava longe de estar sozinho nesse tipo gentil de ateísmo. Eu descobri que esses ateus com discurso mais tranquilos estavam em toda parte.

Somos em geral, pessoas quietas, que ninguém imagina que são ateus e são assumidas como sendo ‘cristãos’. E outra coisa que eu percebi com o passar do tempo. Que mesmo os ateus mais radicais tem um lado mais suave, quando você fala com eles em particular. Na maior parte do tempo eles são rudes, não por pura maldade, mas por sua frustação, de encontrar repetidas falácias que permeiam o pensamento religioso e seus ressentimentos que os impactos negativos que a religião teve e tem na sociedade, como exemplo a destruição da torres gêmeas no 11 de setembro.

Uma posição que eu me agarrei brevemente foi o agnosticismo.

A posição agnóstica em geral significa, a crença que nós não temos evidências suficiente para saber com certeza se o Deus existe ou não existe. Essa posição vem principalmente de uma crença que os não ateus tem sobre o ateísmo e essa é a crença que a maioria dos ateus, são ateus fortes, que significa que o que é a CRENÇA que o Deus teísta NÃO EXISTE.

De relance parece que essa é uma definição idêntica do ateísmo que eu fiz anteriormente, que pode ser reformulada como sendo a FALTA de crença no Deus teísta, mas na verdade, é muito diferente.

Para poder afirmar que ‘Deus não existe’ eles teriam que saber tudo sobre o universo e também deveriam saber que o nosso universo não contém um Deus. Como um agnóstico claramente afirma isso é humanamente impossível. Nós somos seres limitados, e nossa percepção e conhecimento são limitados também, e em uma escala infinitesimalmente menor que o universo inteiro.

Entretanto, eu nunca conheci um ateu que quando pressionado se identifique com o ateísmo forte. Ao invés disso, todo ateu que eu vi falar nesse assunto, se definiram com a definição que venho usando que é simplesmente a falta de crença em Deus.

O que significa que esses ateus não estão afirmando que SABEM que Deus não existe, eles nem estão afirmando que tem boas evidências de que Deus não exista. Ao invés disso, eles não se sentem persuadidos pelos argumentos que os teístas tem apresentado.  Eles simplesmente não encontraram evidências ou boas razões o suficiente para persuadi-los a acreditarem no teísmo.

Ateus nesta categoria podem ser quase sempre identificados como ateus agnósticos. O que significa que eles são ateus, porque eles não tem uma crença em um ser sobrenatural e eram agnósticos, porque eles não alegam SABER que um ser sobrenatural não existe. Então, baseado em minha experiência, todos os ateus são agnósticos e a maioria dos agnósticos são ateus, porque quase sempre eles não tem uma crença positiva em Deus.

Quando eu era teístas, eu via os agnósticos como sendo pessoas que fazem concessão ao teísmo, porque os agnósticos não alegam saber que Deus existe. Eles acham que as pessoas estão logicamente justificadas a acreditar Nele. Apesar de não terem evidências sólidas para Ele. Esse não é o caso.

O meu agnosticismo me diz sem evidências as pessoas não estão justificadas a acreditar no Deus teísta, da mesma forma em relação a acreditar em fantasmas, paranormais, duendes, óvnis, fadas, deuses politeístas ou reencarnação sem evidências sólidas.

Pelas mesmas razões que devemos ser agnósticos para o Deus teísta, nós também devemos ser agnósticos para a existência de todas essas coisas. O agnosticismo não dá ao Deus teísta nenhum espaço a mais para existir do que dá para qualquer uma dessas coisas e seres mencionados acima. Já que dizer que o Deus teísta é o mesmo que afirmar que fadas, duendes, óvnis, também existem.

Neste ponto em minha jornada, eu estabeleci duas hipóteses. Uma era que os teístas usavam argumentos ruins para estabelecer a existência do Deus teísta. Isso fez de mim um ateu agnóstico. O outro era o conceito de deus é maior que nós todos, mas que poderia ser argumentado com algum sentido em termos de um deus não teísta. Neste ponto eu era um panteísta, mas genericamente eu era um não – Teísta. Que é o termo que as pessoas nessa posição usam algumas vezes para referir a si mesmas.

Enquanto eu continuava minha jornada, u procurei essas hipóteses em paralelo.
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Item Reviewed: O que eu sou: Ateu, Agnóstico? Rating: 5 Reviewed By: Gabriel Orcioli